quinta-feira, 16 de junho de 2011

A Minha Segunda Infância.

foto-festa-infantil

Eu tive de volta a minha infância, aproveitei intensamente essa oportunidade. A liberdade, a amizade, a fraternidade, os sentimentos intensos de uma fase que nunca permitimos viver duas vezes por medo de que não seja como foi, tudo isso eu pude reviver. E como previa o medo, eu vivi, decepcionei-me na minha segunda infância, entreguei-me completamente aos meus sentimentos, realizei todas as minhas vontades, estabeleci vínculos de amizade que haviam sido perdidos com a minha 'maturidade’, fui amigo como nunca fui, decepcionei quem esperava um pouco de mentira, de social, de fatos, mostrei apenas os sonhos, vontades, prazeres, verdades. Eu planejava e quebrava todos os meus planos em troca dos meus novos sonhos que se renovavam a cada dia que nascia. Meus olhos brilhavam sempre ao ver o sol brilhando e iluminando toda uma humanidade cega, toda uma juventude exuberante. Vivendo em um mundo cheio de culpas sem vergonha e com inocência, eu fui julgado. Chamaram-me de louco, de imaturo, de criança, o que não me ofendia, mas me incriminava. Condenaram-me ao crescimento rápido e doloroso, me colocaram em uma mesa, me deram papel e lápis e me proibiram de desenhar o que era belo, me mandaram escrever palavras que definissem um homem ‘maduro’.

Eu fui, eu sou, somos crianças perante a Deus, somos seus filhos e aprendizes de uma vida breve que nossa alma há de eternizar apos a morte. Sofri como nunca sofri, aprendi como nunca aprendi, descobri que na verdade estamos sempre na nossa infância. Nunca crescemos por completo. Um pouco de nós não viveu ainda aquela fase que definimos como única, um pedaço de nós sempre será um moleque a correr sem medo por este mundo cheio de perigos, uma parte de nós nunca irá aprender com os erros, a parte que consideramos imatura mostrará sabedoria em suas atitudes, uma parte da nossa infância nunca morrerá. Decepção é, na verdade, nunca aprendermos com os sonhos realizados, somos forçados a aprender com um sonho frustrado, mas ainda sonhamos e talvez essa seja a parte da nossa infância que nunca morre. Sempre quebramos a nossa cara com os nossos sonhos por nunca nos acharmos capazes de realizá-los, menosprezamos o potencial de um sonhador por infantilizarmos o seu poder, a sua vontade. O que nos resta como ‘homens’ é fingir uma maturidade forjando uma verdade, é agir como adultos racionais quando o que dita os nossos dias é o poder de um sentimento imutável, o amor, sentimento que nunca muda e que nunca acaba, que é infinito e que sempre será infantil, que nos rotulará como loucos, que nunca tornará adultos os que não acreditam na magia dos próprios sonhos. Sentimento que nos coloca em uma contradição, em um paradoxo divino e enriquecedor, que nos torna reais e imaginários em um corpo, em uma alma, que nos faz criança e adulto em uma única face, que encontrou a maturidade na infância revivida pela vontade.